traplev
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r70 - instalação
ação fotográfica de carnaval
+ As manifestações colocaram uma pergunta urgente para a linguagem: como transformar o conteúdo das reivindicações em matéria plástica revolucionária?

Substantivo masculino [Do lat. scandalu < gr. skándalon.]

+ Instalação: manifestação: espacialização: situação instaurada: intervenção.
1. Aquilo que é causa, ou resulta de erro ou pecado.
+ E qual o papel da arte, como deve reagir face ao incômodo social vigente?
2. Aquilo que perturba a sensibilidade pelo desprezo às convenções ou a moral vigente: “A corrupção tornou-se um escândalo”.
+ Essa proposição transita no escorregadio terreno entre o simbólico e o real. Não se trata do velho desafio de representar o mundo, tal qual o faziam os artistas paisagistas. O desafio aqui é criar uma via dupla: deixar a linguagem ser infiltrada pela inquietação do real e dar uma resposta.
3. Indignação provocada por um mau exemplo, ou ação vergonhosa, leviana, indecente.
+ Habilidade de resposta: respons(h)abilidade social da arte.
4. Desordem, tumulto, cena, alvoroço, escarcéu: “Fez um escândalo à porta do cinema porque não o deixaram entrar“.
+ Longe de procurar evadir-se da realidade ou iludi-la, pretende a poesia concreta, contra a introspecção autodebilitante e contra o realismo simplista e simplório, situar-se de frente para as coisas, aberta, em posição de realismo absoluto.*Manifesto da Poesia Concreta (1956)

5. Grave acontecimento que abala a opinião pública: “o escândalo do petróleo“.
+ Para o poeta russo Maiakovski, a revolução social era inseparável da revolução na linguagem. O meio pelo qual falamos, se não for revolucionado, continuará falando as mesmas velhas coisas, por seu condicionamento.
6. Fato imoral, revoltante: “A perda representacional do estado de direito é um escândalo deflagrado pelo novoprotesto”.
+ Time-specific

(Escãndalos por toda parte, inclusive na linguagem)
"Projetos para dispersão, sem título 2"
Galeria de Arte Contemporânea do Sistema FIEP
SESI, Curitiba, PR, 2013.
Uma conversa entre Jorge Menna Barreto e Traplev para o catálogo da mostra Sesi Arte Contemporânea, 2013, Curitiba, PR.

Jorge Menna Barreto: Queria conversar um pouco contigo sobre a relação que a tua exposição faz com o momento das manifestações que aconteceram no Brasil a partir de 2013. Uma galeria de arte em geral se caracteriza como um lugar de suspensão analítica do que acontece "lá fora". É um espaço de resfriamento do real, digamos, que guarda uma distância do "calor da hora". Sua exposição parece resistir a esse resfriamento típico do "momento artístico", à medida em que busca se colar na efervescência daquele momento social. Talvez exista um desejo de manter a fogueira acesa, de levar adiante algo que lhe parece precioso e importante de preservar.

Traplev: Pois é, nos últimos tempos não consegui me desvencilhar das questões macro que rondam a esfera social de nossas sociedades. Nisso comecei a inventar dispositivos de pensamento para refletir sobre a quebra de paradigmas que estamos vivendo. Primeiro comecei colecionando registros das revoltas sociais do Egito ainda em 2010. Acompanhando ao vivo pela internet a concentração e os combates na praça Tahir, fiz diversos prints da tela e, gravando o audio, fui me aproximando e me identificando com aquela energia transformadora e inédita transmitida online ao vivo na rede. Depois eclodiram diversas revoltas pelo Oriente Medio até chegar em outros continentes e finalmente no Brasil no ano passado.

Cada país e região têm suas questões específicas, mas o que fica evidente hoje é a noção de que os governos e o próprio sistema vigente no mundo chegaram a um limite moral em que a sociedade em geral esta muito insatisfeita com o modus operandi dos governos, que aos poucos vem invertendo a ordem dos fatores, dos bens comuns.

Varias reflexões vem a tona e com isso, o "novoprotesto", o "escãndalos por toda parte", o "inverter a ordem do negócio", entre outros da série surgiram como reação estética de inserção (?) a esses acontecimentos. A questão pra mim é como fazer reverberar essas emergências do tempo na linguagem, e com isso mobilizar a crítica do pensamento nestes dispositivos que acionam outras camadas do tempo nas pessoas. A experiência pra mim tem que conter o risco (ou vice versa) e, neste contexto que as coisas vêm a tona, a história e a própria pratica artística em si revelam canais de subjetivação da realidade e contribuem nesse sentido vital de viver isso.

JMB: Parece-me interessante que a quebra de paradigmas que você menciona acaba por exigir novasmaneiras de pensar, ou melhor, de articular a linguagem com o real. É como se a realidade começasse a nos pressionar, acusando que nossas palavras, hábitos e modos de ser já não servem para dar conta da sua complexidade. É um terremoto. O próprio chão da linguagem fica ameaçado. Pergunto-me qual é o papel do artista nesse momento, se não aquele de reformar a linguagem, abrir frentes para que novos fluxos de sentido possam surgir. Dessa maneira, vejo a sua exposição também como um protesto contra a linguagem, ou melhor, contra o entendimento do espaço da arte enquanto o lugar do "resfriamento analítico" do qual falava. Historicamente, lembro dos textos do Cildo Meireles da década de 1970. Os termos "real" e "realidade" estão em toda a parte dos escritos dele. É como se ali houvesse a busca incessante de um lugar para que a obra se alojasse, um contexto, habitat. Em Robert Smithson, a palavra "site" é a obsessão. No seu caso, parece que estamos falando de um momento histórico. A referência é mais temporal do que aquela - espacial - das preocupações de alguns artistas na década de 1970. Poderíamos utilizar - conforme já havíamos conversado - o termo time-specific para caracterizar a resposta que você elabora a partir da sua exposição. Digamos que você responde a algo que está no ar em determinado momento, mas não necessariamente a uma ideia de lugar, característica da maioria das obras site-specific. O que permeia as duas maneiras é a escuta de um determinado sintoma, ao qual você elabora uma resposta, ou, dispositivos de pensamento, como você coloca.

T: É muito interessante ler a afirmação que voce coloca sobre esse “chão da linguagem”. Isso é de uma metáfora tamanha que deixa a razão do pensamento meio perdida, fazendo justamente a subjetividade prevalecer no sub-entendimento da frase. Sobre a questão da realidade e do real dentro da prática artística, às vezes me questiono sobre esse teor todo e o que me incomoda talvez seja justamente o que você evidencia, a subjetivação infinita da linguagem e de seus significados.

A pressão da “realidade-etc” sobre a própria linguagem hoje é realmente avassaladora e de fato não temos noção do impacto na escala histórica disso tudo, quem diga da escala infinita das metáforas que criamos, nas quais se tem outras infinidades de relações e significados. Pra mim esses dispositivos de pensamento falam e se relacionam com um certo inconsciente coletivo que estamos vivendo e experimentando com a supra-informação e a contra-informação. Essa catárse em rede da contemporaneidade que estamos vivendo não termina, apenas se transforma de acordo a esses des-limites de conceitos e operações do sistema.

Hoje li a introdução da conversa dos curadores Felipe Scovino e Renata Marquez da entrevista com Frederico Morais para a exposição “Escavar o Futuro”, realizada em Belo Horizonte em 2013-2014 pela Fundação Clóvis Salgado. Há ali uma questão que nos rodeia aqui nessa conversa: “há mesmo uma diferença entre o artista e o cidadão?” Pensando nessa escala do sistema que invade nossa razão e nossas subjetividades, a prática escãndalosa em que nos encontramos, quer seja coletiva ou individual, instaura justamente novos sentidos a esses acontecimentos…. Isso tudo eu falo para simplesmente creditar muito teu pensamento sobre a linguagem - que você aborda em nossas práticas e que vêm se atravessando, quer seja em diálogos (como este aqui) ou em obras e outros híbridos da experiência comum.

“Novos protestos, escãndalos, iluzões, inversão de negócios, ou mesmo continuar comemorando sem imagem nenhuma”, são simples descrições dessas reverberações em estado de sitio do tempo específico.
Jorge Menna Barreto para a exposição de Traplev
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