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sistemas de estruturas e elementos de fachada, sala 7
Galeria Fayga Ostrower, Complexo Funarte Brasília, DF
18 de junho a 6 de agosto de 2017


Imaginemos sobre o que se trata esta exposição, sobre como podemos enfrentá-la e do embate tirar melhor proveito:

De início, é impossível começarmos sem que se tome em conta o contexto no qual se inscreve. Pensada para uma Brasília que a cada dia caminha a passos largos rumo ao seu destino, a saber, um mausoléu moderno cuja enormidade de concreto em formas inventivas abriga o cinismo e o escárnio de uma casta política que afasta-se de qualquer moralidade enquanto gerencia o desmantelamento do país, "Sistemas de estruturas e elementos de fachada, sala 7" está instalada no núcleo administrativo e simbólico da suposta democracia brasileira, em um de seus momentos mais turbulentos.

Agora ao nosso redor enxergamos um mobiliário urbano — utilizado para organizar grandes grupos de pessoas em determinadas conjunturas — combinado com excertos do debate público manipulados graficamente e impressos em diversas técnicas de circulação de informação. Suspeito, então, que o que testemunhamos nestas bandeiras, print screens, placas, adesivos, cavaletes e gravuras é a explosão da linguagem conhecida e dos códigos e estruturas pelos quais nos comunicamos ou nos agremiamos. No entanto, não é a cena do estouro em si que se apresenta, e sim os seus vestígios. Estaríamos, dessa maneira, diante dos estilhaços de uma comunicação tão complexa quanto corrompida.

Por meio dessas livres apropriações o artista abre espaços de reflexão e diálogo. Do posicionamento crítico em relação ao bombardeio midiático — e seus interesses escusos — à proposição de uma possível pedagogia comprometida com questões sociais, cada lance aqui articula outros sentidos a partir do que assola as televisões, rádios, jornais, portais de notícia e timelines.

Está posto, assim, um plano suspenso, que só existe em potência; fundado em nada mais que hipóteses, em pensamentos errantes que insistem em enfrentar o absurdo cotidiano. No entanto, está aqui um circuito para elaborarmos novas ideias, novas maneiras de nos afetarmos. Uma provocação para pensarmos e sentirmos juntos o colapso que nos cerca. Um convite para experimentarmos possibilidades de entendimento a respeito dos processos políticos da história recente do Brasil. Um gatilho para nos questionarmos a respeito do que nos é intolerável. Um urro sobre a evidente impossibilidade emocional-política de continuarmos qualquer dia a mais pelas vias já experimentadas. Sobretudo, está posto aqui um agito: agiremos ou deixaremos, de uma vez por todas, de agir?

Germano Dushá
English version
texto Cayo Honorato: Estamos todos sem saber
text Cayo Honorato: We are all unknowing (English version)
texto Ana Cláudia Holanda: A que tipo de convocação nossos corpos reagem?
text Ana Cláudia Holanda: What kind of convocation do our bodies react to? (English version)
texto Fernando Ticoulat: novasbandeiras entre almofadas pedagógicas
text Fernando Ticoulat: newflags among pedagogical cushions
(English version)

Sete intervenções (uma por semana) no jornal impresso do
Correio Braziliense, durante o período da exposição entre os meses
de junho e agosto de 2017.

(parceria com assessor de imprensa: Luiz Alberto Osório)
Catálogo institucional BILÍNGUE, tiragem de mil exemplares, distribuição gratuita, agosto de 2017.
o Projeto desta exposição foi selecionado pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015 Atos Visuais Funarte Brasília, e por diversos problemas políticos e institucionais, somente em 2016 que os recursos foram liberados, já no período pós impeachment

A presente exposição foi realizada entre os meses de junho a agosto de 2017 na Galeria Fayga Ostrower no complexo cultural da Funarte em Brasília.
mapa-cartaz para distribuição
contendo texto de Germano Dushá
stêncil-folder educatico para distribuição
contendo texto de Cayo Honorato
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